mudos


ao ponto de sentir-me invejando os inanimados, penso que exista certa felicidade naqueles e naquilo que nada dizem. naqueles que sempre são coadjuvantes... mas que tem importância vital na maioria das vezes; deles que, satisfeitos ou não, possuem uma virtude que eu gostaria de ver nas pessoas: o poder do silêncio.
se o cara lá de cima - escrevendo torto em cima do certo - aplicou o silêncio em seres ou coisas inanimadas, ele detém a razão da pseudo-harmonia entre tudo. já imaginou o que diriam certas coisas que presenciam coisas ainda piores? quisera pegar o exemplo da mudez delas e aplicar nas pessoas que falam desenfreadas e desesperadas.
a pseudo-harmonia dá-se apenas porque o Sujeito - que escreve certo por linhas tortas - deu algumas pessoas outro poder: o poder da paciência.

o poder de ouvir e respirar fundo.

o poder de desejar, do fundo, que pessoas fossem cadeiras.

sacos-de-areia.

bolas de futebol.

cobrinhas.
daquelas que alardeiam a chegada. só para você ter uma chance: a de correr. muito.

mas se desejar que meu próximo seja mudo, demente, inanimado ou um bichinho grotesco - me torna menos digna e me manda direto para arder no mármore do inferno; se tão pouco entrei na fila da paciência, eu tenho um pedido para nosso escritor eterno: ser um pouquinho mais surda.



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