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Mostrando postagens de 2011

adeus, 2011

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tem certas coisas que não precisamos convidar: elas chegam. não são necessariamente ruins, mas algumas parecem ter gosto para a coisa. e isso não significa que vocês não chegaram a se dar bem no início. eu gostava de você, 2011. te recepcionei no melhor lugar, com as melhores energias e melhor companhia. hoje, mal vejo a hora de dizer adeus ano velho e te ver pelas costas, seu infeliz.  um ano velho cheio. de que? cheio de discórdia, cheio de desencontro, de atrasos, de espera. cheio de caixinhas de pandora não abertas por mim, nem por quem gosto - mas que as consequências, só nós sentimos. ano que sobrevivo mais forte mas... precisava? aprendi a quebrar, a colar, a perder, a insistentemente conviver com uma tendência imensa para desistir. mas até em toda sua negatividade, vejo um pouco de bondade, 2011 - a das pessoas inocentes que encontrei querendo me salvar de você. estas, carregarei e salvarei das maldades prometidas em 2012,  um novo ano já condenado que anuncia o

prioridade

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apesar da cobiça geral e muitas vezes conveniente, tudo lhe proporcionava um nível de insatisfação desproporcional ao status de felicidade. até se sentia amada, algumas vezes admirada, outras até bem quista e desejada, mas ainda não estava bom. exigente? incoerente? ela batia o martelo e falava que não. era só uma canseira de tudo, uma sensação de nada que só crescia. quando quis dividir o que sentiu, percebeu: não tinha ninguém. e não precisava ter aquele que a amava, aquela que a admirava - para quem a desejava, não perdia nem tempo pensando - era tempo desperdiçado demais.  exatamente como o tempo que ela gastou se aproveitando dessa conveniência mascarada de infelicidade: pequenos  apreços   tão vastos em quantidade que ela não tituberaria nem um instante se pudesse trocá-los por apenas uma coisa: ser prioridade.

maçã envenenada

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e uma criancinha aparentemente inocente te pergunta: - mas por que você tá triste? - porque acho que tudo, em tudo, tem um jeito de ser mais difícil quando corro atrás e me sinto meio covarde de pensar assim. não que me ache o centro do mundo, mas é que sinto que a maré vai ao contrário, que estou correndo numa esteira sem fim e que toda hora - toda hora mesmo - que sinto que as coisas podem melhorar, alguém me prova o contrário. e o mais difícil é que esse vilão é sempre alguém que eu depositei tudo o que eu tenho de melhor. e mesmo sabendo que isso acontece repetidas as vezes, nem por isso aprendo a mágica de detectar quem esses vilões são. é como se eu aceitasse a maçã envenenada de todo mundo. entende? - mas você sabe que tá envenenada? - sim. - não entendo. - eu também não.

Pedra, papel

Antes de virar pedra eu quero dizer que eu deixei você entrar. Deixei você assumir um papel, pendurar suas roupas, chutar meus sapatos, vestir minha camisa - ser a minha camisa. Antes de virar pedra eu preciso dizer que eu me doei para você. Cada milímetro de pele, de ossos, de movimento. Quis te poupar dos tormentos dos meus defeitos: eu não queria ser devolvida para mim. Antes de tudo isso eu quero dizer que assumi meu papel e me confessei para você: eu não sei conviver com a minha insistência. Não aceito e morro de curiosidade sobre coisas que dizem tudo sobre nós - e que não sei viver com você me deixando conviver só comigo, não contigo.  Não consigo. Antes de virar pedra eu quero dizer que isso é mérito seu. Você chutou meus sapatos, possuiu cada pedaço e nem mesmo com todo esse espaço, foi capaz de honrar seu papel: o de que era você o ser incapaz de me machucar . Não ia me devolver sem me recarregar.  Me dilacerar, afinal, papel também corta, a ponto de me fazer endure
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frequentemente lembrando o quanto venho te esquecendo.

aconteceu, coração

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não é porque passamos por algumas situações que vamos, exatamente, conseguir descrevê-las ou falar sobre elas - tenho sérias dificuldades em lidar com o que eu não sei descrever. a ausência de vocabulário ou experiência são exatamente proporcionais a revolta sem escolta que o meu coração, a ponto de combustão, grita dizendo: o que está acontecendo? acontece coração, que tudo acontece mesmo que não saibamos como tudo está acontecendo. não é porque você quer que o mundo pare que ele vai parar. não é porque você quer desfazer que será desfeito. os minutos vão passando e eles não tem, necessariamente, o endereço que você gostaria que eles tivessem. se é destino ou será a vida, coração, eu não sei te dizer. sei que você, meu coração, tinha os minutos os endereçados para felicidade da maioria. mas eles são contraste diante da realidade. no fundo, às vezes, feliz é o destino da minoria, do coração dos outros. posso te dizer que aprender a contentar-se com a felicidade de

um sorriso, uma eternidade

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eu gosto de pensar em você sorrindo. gosto porque seu riso ecoava, seu riso era sincero - e como era saboroso ver você sorrir. mas sei que não era só isso.  devera pensar, obviamente, no seu senso de bondade, de boa vontade, no seu volume cheio de verdade que iam além dos decibeis suaves e agradáveis.  como seus elogios eram sinceros e de como você expirava orgulho quando falava sobre mim.  claro que também me recordo de sua inconveniência em interromper qualquer momento para fazer valer sua opinião e no fim, fazer alguém rir - e lá estou eu lembrando do seu sorriso de novo. como era impossível não rir de você! - a última vez que te vi, você sorriu pra mim. e assim que quero pensar. este último riso seu será eterno. exatamente igual o meu amor por você.

televisão

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diante de uma calma desesperadora, vejo-a como se tivesse no alto, em um plano B, um mundo paralelo, um outro lado. quando foi que tudo passou a parecer tão insípido?  vejo-a distraída com poucas coisas importantes, valorizando enganada algumas estranhezas que não procedem. por que diabos essa menina deixou de ser transparente? nem sempre foi, afim de proteger-se, é verdade - mas ela demonstra não se sentir transparente.  ela desvia o olhar toda vez que tende se importar. quando foi que tudo passou a parecer tão ameaçador?  sempre conduziu esse filme e  nunca fora medrosa - ao menos, sempre passou essa impressão para mim que a assisto - mas vê-la arredia é como se ela fugisse de toques por medo de explodir. e  como dia torna-se noite, quer tudo que lhe é por direito por perto. de onde vem tanta possessividade?  nunca se preocupou em deixar os outros irem -  agora teme por quem pode nunca mais voltar.  e como uma bomba relógio, suplica pelos olhos que a desarmem. e l

não

por mais das incontáveis as vezes que não pude deixar de te dizer sim, hoje digo não -  não que outras vezes servira e que você merecesse o sim. mas é que d'outras vezes eu não fui capaz de dizer não  - era só eu quem não queria aceitar o quanto  não valia a pena.
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Às vezes, você tem que esquecer o que você quer para começar a entender o que você merece.
A minha coragem acaba onde começa a sua.

me leve, por favor

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- toma. pega.  se passo correndo a mais de cem por tanta gente, porque meu deus, você não se interroga como estaquei-me justo em você? - pode pegar, eu não mordo não.  às vezes posso ranger e mostrar os dentes - eu não sou indefesa. mas isso não quer dizer que eu não quero que você tente.  - estou garantindo, pode fazer carinho.  quando pisco ou finjo que não olho, não é desdém: é pra você exigir minha atenção e eu corresponder o meu afago na base do tato. - e vai, logo, me pega no colo.  se até agora não corri - não passei, não mordi e contorço toda vez que me acaricia, é absurda a nitidez do quanto exprimo dessa vontade.  eu? eu não posso pular. não que eu não queira -  mas e se essa for minha última vida e você não me segurar? 
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Quero cansar de acreditar.  Assim, quem sabe, eu canso de me decepcionar?

bom

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bom, estive pensando no mal que há em ser apenas bom. acontece que até apenas ruim tem mais intensidade do que apenas bom. bom, veja bem: bom anda em paralelo a conformidade. por mais que duas linhas paralalelas não se encontrem, estão correndo juntas ali eternamente - e gosto de conformidade já soa ruim suficiente. assim, dantes ruim do que bom - afinal, o desconforto sempre leva a alguma atitude em prol de que tudo melhore. se o bom é bom, podia incomodar menos.  mas ele já soa como menos - bom é menos melhor, menos gostoso, menos ótimo, menos excelente. o bom é só bom. e desde quando bom ba sta?
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...mas quando tanto já ultrapassa o muito , é hora de rever se já não é demais .

quando a borboleta vira largata

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injusto e feio é quando destrói-se o que constumava ser bonito. bonito por natureza, bonito por tempo, por construção, por esforço e dedicação. quando a decepção é repetida a exaustão, chega-se um ponto que mal decepciona-se: está destruído.  só resta lamentar. abstrair. esquecer. quando a fase final da borboleta não é apenas sustentar-se no ar até a luz se apagar... e sim voltar a ser lagarta, não há nada que se faça ou desfaça: nós simplesmente detestamos quaisquer coisas que tem a opção de voar mas preferem ficar por ali, rastejando.

dúvida

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ciúmes do que não se tem. sede do que não se bebe. coragem para o que não se enfrenta. medo do que não machuca.. ..ou do que não deveria machucar.

vento

desfaz-se entre meus dedos onde não posso te segurar, transforma-se em algo que desconfio não valer a pena lutar. destrói-se em migalhas de algo que um dia fora grande e valioso, bonito; e não há barreira que eu possa fazer diante desta brisa: as migalhas tendem a voar. espalhadas, não constroem nada. diante da pequena sensação de liberdade, dissimula-se perto de outros terrenos, de ervas daninhas, que crescem a circunstância do nada (ou de restos). de longe, ludibriam. de perto, fazem jus ao nome - pragas são pragas. são elas que engolem as migalhas.  apodrecem na terra. apodrecem a terra. esta, já não será capaz de gerar mais nada. nem algo que um dia, há de tornar-se migalha.

sempre

não adianta mentir: eu sempre acredito . e sempre dou poder demais para gente que o usa de formas que me dão motivos para que eu deseje, lá do fundo, em não mais acreditar.
..e não me julgue por sempre esperar o pior. No fundo é um desejo inconfundível de que você me surpreenda.

tempo inútil

e eu ainda repito: tempo não cura nada. e digo de novo: tempo só troca as importâncias de lugar e talvez, evidencie algo que já foi considerado inútil e desfoque algo que era digno de inveja branca. mas depois que ventos sopraram - sorrateiramente ou uivando e assustando despreparados - as coisas só mudaram de lugar. o inútil continua inútil e o digno continua digno.
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é tudo sobre sintonia

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significado, eu duvido que encontre  tão pouco palavras que lhe expressem bem:  nada é tão fiel quanto o poder de sentir  especialmente quando é sobre alguém. nem me lembro quando você se tornou importante,  muito menos quando lhe considerei como tal.  hoje isso nem mesmo importa:  talvez você já seja essencial. já que nem preciso dizer mil vezes que te gosto, nem outras quinhentas que desgosto ou quanto riso você me propicia: é tudo sobre sintonia.
Eis que então agora, o melhor não é poder. É não precisar.
Rir não é o melhor remédio. Chorar tão pouco. Substituir é covarde. Abstrair... é lindo.

será?

da verdade dessa vontade que invade. de perto tá tudo aberto esperando que o certo seja você.

eu quase morro

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quedas livres e descidas de barranco são momentos onde, por mais que você queira, não consegue raciocinar direito. muito menos enxergar quanto tempo de queda ainda tem por vir. e se a queda não é livre, quando você começa a pensar que logo vai terminar, suas costas batem contra o mesmo morro que, ironicamente, foi você quem fez tão alto e tão difícil de subir.  não se aguenta de dor. segue o deslize que alternando entre tentar agarrar-se a algo e lamentar pelas dores que sente nas mãos vem uma súplica por uma ajuda que não virá. uma lágrima por uma dor que não nem se sabe de onde vem. o corpo esquenta e finalmente você de tanto tentar, vai descendo menos rápido do que antes - vem uma memória de alguém que você gosta. finalmente pensa que vai conseguir passar por mais essa etapa... mas se deslizando estava péssimo quem diria agora que começa a rolar. e do nada uma imagem louca de como tudo isso começou. chega na beiradinha não consegue segurar - fica presa pelo ganchinho de jean
olhando fotos de um passado presente olhando fotos de um passado olhando fotos não vejo mais nada.

cheirinho bom

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de onde veio e pra onde vai esse cheiro novo que ludibria conforme surge? e quando some, por que quero seguí-lo? não é novo, mas agora é diferente e toma conta do ambiente, mesmo que displicente e desobediente por não voltar conforme se espera. tem um ar de novidade velha, um aroma que seduz mas que não entorpece. é bom como cheiro de chuva, cheiro de novo, de novo. cheirinho bom que vem do nada mas que passa , pra do nada resolver voltar e confundir quem lhe esperava e talvez não saiba mais cheirar.

quando

quando olho nos seus olhos vejo o que mais ninguém vê. quando vejo seu jeito sem graça de se portar, de se assustar, de disfarçar... eu sei. quando cedo ou tarde você escorrega na pose, postura e atuação, eu também percebo. quando, mesmo naquele tom soberano cheio de si, você gagueja porque no fundo, nem você sabe o que dizer. até mesmo quando decide dizer, não é surpresa: eu já tinha visto nos seus olhos, assim como você viu nos meus.
receio de voltar , ânsia pra ir.  preguiça de se mexer.  desespero em ficar.

abraço

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pois qual o mal que um abraço pode lhe trazer? não deve ser lembranças, muito menos o carinho. nem aquela sensação de não estar mais sozinho. o mal do abraço é ele não te trazer nada, nem cuidado, nem afago; só aquela dúvida se o outro alguém queria ter te abraçado.

silêncio!

quando a gente não sabe o que dizer, deixamos que o silêncio fale por nós, mesmo que ele possa ser lido errado. mas quando a gente não sabe o que entender, não se preocupe: basta olhar nos olhos. olhos verdadeiros falam muito mais do que qualquer o silêncio.

expectativa

Expectativa gera decepção? Não. O que realmente decepciona é ser tão insignificante a ponto de não ser capaz de gerar nenhuma expectativa.
Não estava surpresa porque não sabia - afinal, sempre descobriu todas as supresas. Estava supresa porque não queria mais saber.
Mas é quando se cansa de pensar é que se pensa: perde-se tempo pensando?

essencial, importante e dispensável

entre faltas e ausências fica nítido o contraste do que é essencial, importante e dispensável. o que é digno de ser dito, é que, dentre os três, pouco é sólido. pouco realmente dura, essencialmente. e geralmente o que é essencial, nem sempre fomos nós que escolhemos. simplesmente estávamos ali, crescemos ali, e cravamos as raízes ali, por ser o primeiro ponto avistado, vulgo porto seguro. o importante é transitório. TANTAS coisas já nos foram importantes, que se tornaram desinteressantes e, logo, dispensáveis. essas mesmas, nunca são desqualificadas: mais dia menos dia, voltam a ser importantes, quase essenciais. as mutações espontâneas que temos e até as que somos submetidos nos levam - todos os dias - a repensar, reavaliar tudo o que realmente tem valor para nós. rodas gigantes de conclusões são tamanhas que até o essencial sólido pode se tornar dispensável. às vezes se desprender disso tudo é o que realmente importa.

tá em todo lugar

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ta naquela ponta do sofá. tá naquele travesseiro. tá naquele lado da pia. naquele doce de brigadeiro.  até no suco na dispensa.  tá naquele corredor. aquele. tá naquela que pergunta: compensa? tá na foto clicada. tá naquele jogo. tá no pedido de lanche. na frase ensaiada. tá no barzinho de vez em quando. tá na pizza de sempre. tá naquela viagem que nunca..tá na boca de toda gente. tá naquela naquela frase persuasiva.  tá nos sapatos, nas roupas. tá até na minha louça! tá batendo na porta, tá tocando no telefone. tá naquela música, neste filme, naquele episódio. tá no meu carro, no meu canto, no meu quarto, no meu encanto. tá ali, bem naquele cantinho. tá em todo lugar.  menos onde devia estar. aqui.

amanheceu

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amanheceu o sino tocou o dia raiou a luz entrou por um instante tudo parou. o azul convida sem vida nada acordou.

porcelana

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ouvi dizer:  com boneca de porcelana não se brinca. boneca de porcelana racha quebra trinca. boneca de porcelana se exibe preserva no alto maior do que um salto no infinito no seu lugar bonito onde só o dono a toca. se a pessoa ousa pretenciosa algo tão delicado manusear a boneca acorda a clamar "Cuidado comigo!" não se sabe se a pessoa faz riso de amigo ou de inimigo. ouve-se a lástima descuidada desatenta infinita. da dor de perder aquela que não se brinca. ela racha quebra. e acaba.

vencido

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assim, justo assim, a validade expira e não importa o quanto se inspira: a força já não é mais a mesma. diante de tudo e todos aqueles onde um pouco dela foi depositado, observo as faltas e excessos e talvez, expirada, admito onde poderia ser sido mais generosa, menos prestativa, mais coerente. e devo admitir que em devidas circunstâncias sempre fora! mas que diferença faz um dia. uma atitude. um segundo. um segundo acelera uma atitude. uma atitude transforma um dia - de repente, em um dia onde você é tudo, a tua validade expira. e no outro, você não passa de um nada. vencido.

eu te amo

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eu te amo. dizem que não sabemos o que é amor enquanto não temos um filho. que podemos amar a todos, mas o dia que tivermos um filho, todo o amor do mundo seria explicado. eu não me importo com essas palavras - o amor da minha vida é você e esse lugar é seu.  eu te amo, você orienta me desorientando, você me faz crescer pedindo pra eu voltar a ser criança. eu te amo por tudo o que você já fez pra mim e te amo ainda mais porque sei o quanto você queria poder ter feito mais e não pôde. eu te amo não só porque você é minha mãe, te amo porque sou sua filha e tenho orgulho de dizer: eu já cresci, mas ainda quero ser igual a você - especialmente quando tiver um filho.

é preciso

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não há quem conteste dias claros e cheios de vida. na medida certa, são os dias que passam mais rápido, são menos penosos e mais produtivos. sim, existem os dias com demasiada luz e calor excessivo que exaurem - afinal, nada é bom em excesso - mas eles ainda trazem apenas cansaço. tomamos certas e as maiores decisões nestes dias. dias nublados soam como estacionados. duvidosos. um dia lamentável, choroso. longo, chato e triste, que se pudessemos, fecharíamos a porta dos olhos e hibernaríamos até o dia seguinte, esperando um dia bonito. repensamos absolutamente tudo nestes dias, demagogos, nostálgicos, patéticos necessários: adiamos tudo. dias de chuva. os dias em que tudo muda, tudo renasce, tudo estremece ou se afoga. há quem não sobreviva dias de chuva porque não define o que eles realmente são: para o bem, ou para o mal. por mais encharcada e impossibilitada de ver claramente, quero valorizar estes dias e sobreviver à chuva. esperar o que vem depois. cinza ou cheio de co

uma canção inacabada

comecei a escrever uma música pra você.  comecei a escrever uma música e nela eu jurava tudo, todos. era bonita, tinha refrão, tinha um grito naquela parte bonita que você corre para dar replay. tinha começo e meio, tinha lembranças, momentos únicos. cheios de detalhes e dedicações. cheia de explicações de quê e porquê tudo era tão forte. tão único. tão cheio de tudo. sabe aquela parte que toca mais bonito, por mais tempo, mais alto? aquela parte que não precisa de letra? eu não precisei escrever. a música já escrevia por si.  cheguei no refrão, aquela parte que repete toda hora. e a minha repetia de propósito mais vezes, mais e mais vezes, não só porque dizia o quanto você é especial. não só porque ali justificava-se tudo. repetia porque eu não queria que a música terminasse. parei de escrever.  parei de escrever a música que eu comecei a escrever pra você. não tem fim, mas é pra você. pra nós.

buracos, rachaduras e etc;

aprender a desviar,  aprender a ignorar.  não são necessariamente escuros. feios.  estragos são estragos. conserte. respire. respire. levante. já que já aprendi a levantar, agora é aprender a nunca mais cair.

mea culpa

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“Mas eu não estava seguro. Lembrava-me da raposa. A gente corre risco de chorar um pouco quando se deixou cativar...”

o túnel no fim da luz

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Dessa vez, diferente de todas as outras vezes, talvez não precise mais de luz. Tenho me acostumado com o túnel e todos os seus habitantes - mesmo aqueles que tornam a jornada um pouco mais desagradável. Eles me lembram que não posso me apegar e perder-me no meio do caminho.  Que não devo parar, que dirá, estacionar.  Chego a conhecer alguns outros habitantes melhores que, de certa forma, transformam meus olhos: um túnel penoso e feio pode ter algumas particularidades. Alguns risos, algumas boas surpresas.  Garantem tempo para economizar fôlego em certas horas do percurso, tal como avisam as horas que eu devo correr sem olhar para trás.  Estou grata por ter aprendido a reconhecer  não só tais protagonistas na história desse túnel, como também o ver o valor de toda essa jornada que me propus a correr.   Se não fosse por estes, ainda estaria cega, procurando por uma luz que só me desorienta.  No fim de uma luz, existem outros caminhos, outros coadjuvantes, outros