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Mostrando postagens de janeiro, 2012

aceitação

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cortaram a música no meio.  a ligação caiu. acabou a luz. o programa travou.  tá faltando sal. tá doce demais. tá tudo sem gosto. desgosto. ninguém me atende, ninguém responde.  leio mas não entendo, eu me esforço e não compreendo. acabou o grafite, acabou o papel, acabou a piada. a lágrima secou, a dor não passou.  a falta é imensa. fecharam a tampa. o vento soprou. acabou?

por você

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eu poderia perder o medo de ser simples. eu perderia todos os medos de ser eu.  ainda assim, por você, eu queria ser melhor.

castelinho

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as conclusões precipitadas diziam que ela era uma pessoa difícil de se aproximar, de se aprofundar - ela tinha um castelinho restrito que os convidados eram absurdamente selecionados. uns ganhavam passe com o tempo, outros com a forma de comportamento, cautela, discernimento: era uma questão de merecimento. logo, às vezes tinha certa fila pra entrar. outras vezes, era possível ver gente sendo expulsa, gente saindo. de vez em quando, um absoluto deserto na frente dos portões.  uma vez lá dentro, o importante era não mexer em nada - era tudo milimetricamente arrumado, alinhado. tinha essa mania de saber exatamente como tinha deixado tudo e quem havia passado por lá.  no castelinho, tinha sim aqueles cantos que ninguém quer que as visitas vejam, aqueles que acumulam uma poeira que brota do chão. tinha o cantinho da bagunça - morar num castelo não fazia dela uma princesa. o sotão era onde ela mais se orgulhava: realmente ali só entrava gente especial. que pedia, limpava o pé e faz

simples companhias

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sentada e sem propósito, aquele dia, a borboleta mais linda que pudera ter visto, pousou no meu colo. aquilo era tão lindo e a inquietude de mostrar para alguém acabou a afastando a ponto de não vê-la mais.  um brinde às coisas simples da vida, cuja simplicidade é tão sucinta que chegam a ser complexas - seriam mesmo as simples coisas as mais satisfatórias? já encontrei satisfação, sim, em coisas simples. as vezes só, as vezes completamente só em meio a várias pessoas; mas as vezes que a satisfação encontrada tinha a presença da minha  platéia,  essas sim valem a pena serem lembradas.  geralmente essas pessoas, simples, tornam coisas grandiosas ou pequeninas em satisfatórias, simplesmente por dividí-las conosco. coisas são pequenas perto de grandes companhias!  triunfos, medinhos, sonhos distantes, quebra de regras: tudo é mais digno se existe alguém com quem você os divida. assim, penso eu. o tempo com aquela borboleta poderia ser mais apreciado. ela, mais valorizada, v

tá guardado

"tá guardado. o que é seu está guardado. quem guardou? e se guardou, porque escondeu tão escondido? se foi para o meu bem, deveria saber que eu acumulo certa preguiça, desde nascença, em procurar. em persistir. confesso meus defeitos da mesma forma que evidencio a competência de quem escondeu o que é meu: realmente o danado fez um bom serviço.  julgo-o pretensiosamente, até porque, se tivesse que encontrar alguma coisa ruim, bastava sentar - nunca vi um imã tão bom quanto o meu pra atrair certa negatividade.  e ainda assim, sou a mesma positiva otimista que acredita que deve ser tão bom, tão bom, que sentirei a recompensa e o alívio de quando finalmente encontrar. ou sei lá, às vezes o negócio é sofrer tanto que qualquer pouca coisa boa será valorizada mais do que realmente merece. o negócio é que eu quero encontrar. logo. ontem."

do lado de dentro

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não sei se é falta de tudo do que tive  ou do que deixei de ter:  só sei que tem dias que acordo triste e  com saudades de você. não sei se me manifesto ou simplesmente me seguro - enlouqueço e a ideia apodrece. surgem mais perguntas do que respostas: será que o contrário também acontece? se isso me faz mal ou bem, não sei dizer, não entendo. tenho vontade de correr pra longe. percorrer o mundo.  mas de que adiantaria se você está do lado de dentro?
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passar o tempo passa. parar, a vida não para.  é bom plainar e ver tudo. tudo o que eu tinha. depois de tudo, o que dói mais não é perder o que você me dava.  é realizar tudo o que eu perdi por ter escolhido você.

te odeio porque sim

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odeio o seu olhar fingindo que não se importa. não suporto o fato de você sempre querer algo especialmente de um jeito e, abruptamente, querer de outro. te odeio porque sim. odeio o jeito como tudo seu é maior, mais importante, dói mais. como cada coisa a qual cabe perfeitamente no seu enredo quando lhe convém. e quando se torna alheio, no caso meu, é apenas detalhe, mera coincidência, mal entendido.  eu odeio quando você pensa que tudo poderia ser como antes em fração de milésimos. odeio mais ainda quando você transforma o morde-assopra em arranca-pedaço-assopra. odeio sua falta de noção das palavras tempo, espaço, de velocidade. odeio a sua falta de atitude, a sua falta de coragem. odeio os seus medos. e o fato de você ter tanto medo, o fato de você se render para o medo.  tenho horror desse seu jeito protetor falho e instantâneo, que sempre discursa que vai estar perto quando na verdade, nunca está. desse seu jeito onipotente. na verdade, eu odeio mais o fato de você não

atoleiro de felicidade

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é engraçado como a gente se perde e se encontra em pessoas. como chega-se a pensar que nunca vai gostar tanto de alguém quanto a última pessoa a qual dedicamos certo amor. que depois de certo tempo, tudo fica banal e sem graça. a gente se perde mesmo.  e sai em fuga  e se atola em si mesmo. tem sorte quem se reencontra. especialmente em alguém. um alguém  que caia no atoleiro - ou que te puxe;  ou quem faça dele o melhor lugar. alguém que só pense em te proporcionar carinho recíproco ao que você proporciona - reciprocidade é tudo. gravidades desaparecem como água no calor.  banalidades mal são vistas, e se vistas, são mal vistas. consideração cresce como a erva daninha mais linda - que nem deve ser podada. quando a gente acha esse alguém, nada mais certo do que regar tais ervas daninhas. quando você já se vê responsável por quem te salvou do atoleiro, só te resta cativar para sempre - um trabalho nada árduo para quem detesta se perder sempre, o tempo todo

falta tanto

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parece já passou tanto tempo, uma eternidade. e quantas eternidades terão que passar para que o tempo vire o tal melhor remédio? que nada. perto do que precisa passou pouco: o tempo passa devagar... e tão discreto que engana todos: olha como este ano passou tão rápido. é mesmo? há muito tempo que já tive férias de mim. faz mais tempo ainda que me senti com energias para enfrentar tudo e todos o tempo todo. o tempo não passou rápido, nem muito menos vai curar nada: nós é quem passamos rápido, perdendo tudo através do tempo.  o que importa é o que a gente sente: na verdade, nem faz tanto tempo que eu te perdi. mas foi tempo suficiente para que eu desejasse, todos os dias, poder voltar no tempo. originaly p osted  19th November 2009

amor à segunda vista

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eu não acredito em amor a primeira vista. não por duvidar da sua existência, mas porque é falho. apesar de encher meus olhos quando lhe vi pela primeira vez, eu apenas "queria". o amor a primeira vista te engana assim como te seduz: você impõe ali dentro desejos e expectativas na proporção do que está vendo por fora. ou não: simplesmente enxerga no que está adorando, coisas que talvez a pessoa nunca tenha almejado ser. o amor a primeira vista não vê imperfeições. deslumbra-se com as qualidades externas. apesar de deslumbrar-me com seus olhos, jeito e caminhar, eu preferi que o amor viesse a segunda vista - quando pude ouvir o macio tom de voz da sua pseudo-cara fechada. descobri também que a cara fechada só existe por defesa, não por ataque - e que você também é frágil. descobri a teimosia eufórica que te domina quando alguém lhe contraria e muito mais quando alguém lhe desconsidera. vi que sob stresse você diz mais do que deve. mas também vi que você consegue chamar a
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mas quando o pensamento vem, não há tragédia ou alegria que o tire de mim. e ele perdura por semanas, permanece por dias, desaparece por horas... até reaparecer.

"re"soluções

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viver o dia como se fosse o primeiro - com o fôlego orgulhosamente criado e tomado, com as novas energias nascidas e não fingidamente esquecidas ou sobrepostas. chega de olhar pra trás e dizer não para o que já não mais preciso dizer. percebi que não preciso esquecer, rabiscar ou passar toque mágico nas coisas que já escrevi a tinta. hoje vejo que para tudo o que tenho dito "não", são exatamente as coisas que podem me dar novas páginas. novos livros. novos dramas. novos finais felizes, igualmente bons, piores ou até melhores do que esses que ora tentei apagar, ora tentei reescrever com a mesma caneta. e pensar no futuro, sim. afinal e nele que eu vou passar todo o resto da minha vida, todos os dias, com aqueles dispostos a escrever, mesmo que a tinta e errando, junto comigo.