no mínimo, sincera

quem não cansa de uma situação? de estar só, de estar com alguém, de ser impedido de fazer algo, de ser proibido sempre. quem é que não se indaga às vezes sobre as coisas mais simples da vida? o que é que falta? o que é que impede? refletir sobre isso geralmente não gera resultado algum. mas as perguntas...elas vão longe.
- sabe, tem hora que eu penso se compensa ficar sozinha.
- fica sentadinha aí que passa logo.
- não, sabe, eu quero dizer que, sei lá, às vezes sinto uma falta de dar tchau e virar para o lado. tô cansando de dar tchau e fechar a porta. mas enquanto isso, não sei se conseguiria ficar dando satisfação disto, abrindo mão daquilo, me perder e acordar anos depois, irritada e deprimida e talvez, por que não, retardada.
- ah não. por favor! não se estraga. eu que já quis, invéz de dar tchau, dizer some, sei do que eu to falando. não adianta! você tá de tpm?
- que pergunta esclarecedora. obrigada!
- não é isso. é que eu também fico carentinha.
- não po. não é de hoje isso. eu sempre penso..
- todo mês conforme a tabelinha?
- grrr..
- estou brincando. olha. eu até que tentei depois que pude ficar sozinha. mas hoje eu desisti. sente falta sim, mas o resto é melhor. a liberdade é recompensadora. dividir coisas é bom, mas às vezes te impede de tantas outras. claro que, quando cegos a gente quer mais é dividir. mas a cegueira amorosa - oposta a física - vai passando conforme os anos. eu sou uma pessoa, por exemplo, que gosto de peidar. já tive mil situações de infelicidade por causa de outra pessoa. impedida, vou ficar mau-humorada e já irritada, desconto na pessoa. quero dormir peidando. quero peidar no quarto. ir lá e pá, óh. a pessoa do seu lado sempre impede o peido. e me irrita. tenho as minhas manias que ninguém precisa assistir. ou me impedir. eu quero é peidar. e tchau. abre esse olho logo.
- tá.

*inspirada em conversa com mamãe. um doce de pessoa.