Zzz



pensa tanto que logo não dorme. nem com luzes apagadas e silêncio profundo. silêncio e pensamentos demais projetam medo de qualquer estalo que a casa dê. para evitar até a sensação de que tem alguém no quarto olhando, aderiu aos fones de ouvido, os santos que nos separam da realidade. fecha e abre os olhos. barriga para cima, frágil e sem conseguir mantê-los fechados, presta mais atenção nas estrelas fluorecentes que foram coladas no teto do quarto no tempo em que placa de carro era amarela. começa a lembrar dos amigos, de amores.. de saudade. e das contas que tem que pagar, e que vai sobrar mês novamente, e que tem que comprar aquela coisinha para por naquele negócio...

lembrou do quanto era mais fácil dormir sem ter tanta coisa na cabeça. que era só dormir na sala que papai lhe carregava para o quarto. é, talvez seja hora de dormir no seu próprio teto e finalmente... depois de pensar na causa da falta de sono, se achou velha. tentou movimentar-se para o lado e uma dor de leve nas costas é entendida como, "nossa, estou ficando velha mesmo". pensou em ir para a cama da mãe, dormir lá, contar coisas que já faz tempo que não conta. abraçou o travesseiro. virou para o lado e o brilho do interruptor no escuro a irritava. virou para o lado oposto.

lembrou que no dia seguinte, era dia do seu doce favorito na padaria. foi quase capaz de sentir o gosto do doce. teve mais um estalo. sentou-se na cama, no escuro que já não era tão mais escuro e subitamente se levantou.
foi até a cozinha e pegou um pedaço de pizza que estava na geladeira. comeu fria mesmo. sempre foi devota à uma pizza de queijo fria.
voltou para o quarto, deitou na cama, nem olhou pra cima, nem colocou fones, nem abraçou o travesseiro. só encostou a cabeça e adormeceu.

seu mal não eram os problemas. nem saudades, nem as costas.
era fome.

07/12/2007

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