ele

chega, te cumprimenta de forma especial que te faz sentir especial. tem um jeito estranho de se portar e de demonstrar afeto. mas é cativo, é marcante. quando você o vê não entende, mas se olha, ele parece lhe ser familiar. não sei, aquele jeito, aquele cabelo. um primo distante, ou talvez algum outro lugar, um amigo de infância, ou quem sabe o mocinho do filme antigo, aquele que você até sonhou.

se reparar bem, verá que os olhos são bonitos, de uma cor que você nunca viu igual em outros rostos. talvez chamem tanto a atenção que você não repara em outros detalhes como nariz ou boca. talvez, nem deva: também fazem parte de um conjunto que você aprecia. se fosse feio, você não estaria aí pensando nos traços dele ou lembrando a velocidade que ele fala. é bonito, e tem aquele jeito de rir, meio debochado, e aquela mania de imitar, de falar meio rápido demais, e quem sabe se ele não tivesse essa mania de aparecer na hora errada e de desaparecer.

o legal de tudo é que quando ele quer, me olha de uma forma bem particular. daquelas q te deixa confortável, contente. 

é alguém a quem você ainda não ama pra poder falar abertamente sobre sua teoria de amor platônico ou displicente; de amor que já habita algum determinado espaço e apenas não foi direcionado corretamente a algum alvo específico, que mereça.

amor que já existiu e que você não encontra alguém com quem dividir. e sabe que ele talvez também nunca tenha dividido com mais ninguém. ambos por errarem, por insistirem, por se enganarem.. por falta de sorte ou talvez, dependendo dos olhos, excesso.

quando vocês divagam, se encontram e você pensa q poderia ser ele. se ele não roesse as unhas. se ele não cortasse climas com piadas infames. se você tivesse coragem de estragar tudo. e se não te assustasse tanto o fato de que ele se parece demais com o seu mundo, meio bonito. meio antiquado. meio cheio da busca de obstáculos que reprimam e desencorajam. meio cansado de tudo.