dia do travesseiro

e então eu acordo e sinto o travesseiro em minhas costas.

travesseiro não. 

pra mim, é você. imagino ali deitada como seria se estivesse acordando, em uma dia mísero rotineiro, o quanto aquele momento engrandeceria se você fosse aquele travesseiro. 

você era.

levanto minuciosamente. não posso esbarrar bruscamente em você, não quero te acordar. é tão bom te ver dormir. em segundos poderia reclamar o quanto estava ingrata de ter que levantar dali tão cedo, tão escuro, tão aquecido.. e já me dou conta que não, sou grata. estou acordando - finalmente - com você.
levanto. espreguiço e te cubro. um beijo na testa, um carinho nos seus cabelos bagunçados.
não cobri seu rosto, portanto acendo o abajur para que a luz não te incomode. troco sileciosamente, como uma ladra. uma ladra honesta, que não é capaz de lhe roubar nada, nem seu sono.
saio dali, faço a rotina medíocre diária sem você fora do nosso quarto, e volto.
você ainda dorme.
te dou um beijo, e imagino você sorrindo.
apaixonada, a xícara de café ficou na cabeceira.
apago o abajur. deixo o bilhete perto do café.
"saudade".

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