quedas livres e descidas de barranco são momentos onde, por mais que você queira, não consegue raciocinar direito. muito menos enxergar quanto tempo de queda ainda tem por vir. e se a queda não é livre, quando você começa a pensar que logo vai terminar, suas costas batem contra o mesmo morro que, ironicamente, foi você quem fez tão alto e tão difícil de subir. não se aguenta de dor. segue o deslize que alternando entre tentar agarrar-se a algo e lamentar pelas dores que sente nas mãos vem uma súplica por uma ajuda que não virá. uma lágrima por uma dor que não nem se sabe de onde vem. o corpo esquenta e finalmente você de tanto tentar, vai descendo menos rápido do que antes - vem uma memória de alguém que você gosta. finalmente pensa que vai conseguir passar por mais essa etapa... mas se deslizando estava péssimo quem diria agora que começa a rolar. e do nada uma imagem louca de como tudo isso começou. chega na beiradinha não consegue segurar - fica presa pelo ganchinho de ...
meu cabelo me irrita. e eu não quero levantar e ver o meu cabelo irritante. tá todo mundo dormindo e, porque acordei irritada, isso me irrita ainda mais. as borboletas que moram no meu estômago não acordaram comigo. começo a pensar e me sinto sozinha, mas com companhia do meu estômago que clama estranha e exageradamente por comida só porque decidi emagrecer essa semana. eu ligo o rádio, música atrapalha o silêncio e me atrapalha pensar. é bom. presto atenção nas letras e chego a acreditar que todos os compositores as fizeram para mim. eu não quero sair hoje porque meus amigos estão um saco. se for pra ouvir problema, me escrevo um bilhete. não quero mais beber. tem dia que eu quero, porque sim. desapareço e não atendo mais o telefone quando fica difícil - mas nem por isso tenho coragem de desligar. mas agora, 15 minutos depois, se for um saco de um amigo, eu atendo. pode ser que eu fuja, deixando o rádio ligado para que quando volte, não comece a pensar. parto e me ocupo com problemas ...
o melhor amigo é menos visto do que o maior inimigo. faz calor no frio. de repente, faz frio no calor. o que era óbvio fica improvável e que o sempre foi fácil, fica difícil. o celular, criado para encontrar pessoas, desencontra. o livro que deveria ser devorado é posto na prateleira porque agora tudo vira filme. acordar de madrugada para buscar a mãe na balada. funcionário tem que ter diploma para o chefe que não terminou o segundo grau. papel reciclado é mais caro que o papel comum. dinheiro na mão é milagre e no banco, é vermelho. dizemos bom dia na internet primeiro do que em casa. pizza doce. sorvete frito. professor não é mestre - é concorrência. GRITO é com caps lock. a lei não é justa, mas é seca. rio virou depósito de lixo e água limpa já é quase comércio - já tem gente até bebendo xixi. embreaga-se para ter coragem, e não mais para esquecer. e as mágoas... enquanto tem muito peixe morrendo afogado em rios de lixo, as mágoas já aprenderam a nadar..
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