pessoas

realizei que mesmo com portas, grades, cercas de alta voltagem ou até mesmo com a porteira aberta, pessoas chegam e entram em nossas vidas. por mais que você tente controlar isso, esqueça: sempre chegam. sejam nas horas erradas ou sejam pessoas certas, o fato é que chegam.

algumas não batem, aterrizam de repente e sentam em cima do endredon branco. comentam seu mural, aquele livro, seus dvds, sua roupa jogada. bagunçam tudo e vão embora antes de você perceber o quanto aumentaram a sua bagunça. quem avisa que vai chegar, geralmente não passa da sala.


às vezes você tropeça e esbarra em desconhecidos que se mostram as pessoas certas em um lugar errado, mas que dizem exatamente o que você quer ouvir - e até te fazem acreditar em destino.


existem os que você nem sabe o sobrenome, mas já tem coragem de contar coisas só sabidas pelas paredes do seu quarto: infinitamente impossíveis de ser ditas para os conhecidos de sempre. geralmente são as que chegaram e arriscaram: mas disseram o que precisava ser dito (não que eu não soubesse, mas tem coisa que a gente só realiza quando ouve). não ouviria dos de conhecidos de sempre - que nesta altura já se comprometeram com um cotidiano que você não foi inserido e foram embora - para voltar mais tarde, pegando cacos por eles (e outros) deixados. logo deixam os novos caquinhos em algum canto. independente disto, são para os de sempre que
você vai ligar assim que descobrir o mais novo amor-da-sua-vida, e os mesmos que você também ligará chorando 4 semanas depois por mais uma queda. 


desta categoria ainda existem os que foram e não voltaram. e você julgou que nunca mais as veria. até quis nunca mais ver. mas depois se um tempo, se pega a torcer todos os dias para que voltem.


eu estou perdida nestas categorias, valores todos. existem as pessoas que demoraram anos para entrar no meu quarto e horizontar-se em cima do meu edredon que somem, enquanto aparecem pessoas que com velocidade abrupta já comem até as minhas últimas batatinhas. neste caminho eu descobri que tudo que vai volta sim, mas não da mesma maneira.
é uma porta giratória: você pode retornar para ponto que começou, mas no mínimo, você encontra algo diferente. pelo menos, eu estou diferente, e penso que não devo recolher ninguém do mesmo jeito. 

talvez. posso estar cansada. 
essa coisa de crescer e ter que ficar esperta e cheia de cinco dedos com as pessoas tem sido uma ressaca moral onde o valor mais afetado é a consideração. pode ser que eu pareça tolerável: sou uma atriz de mão cheia. mas o fato é que todo mundo que chega perto dá aquela sapateada - mesmo que sem querer - e eu não quero mais.
dói demais.

Comentários

  1. queria que desse pra ter controle e seletividade pras pessoas entrarem e tomarem conta de tudo. mas se eu tivesse, sofreria menos, concordo. mas deixaria de viver tanto e deixaria de conhecer tantas pessoas. fico pensando até que ponto o orgulho me priva de algumas coisas.
    beijo

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  2. Ficou melhor.. Mais a sua cara. Lembro tanto de você com esse texto, bom saber que é recíproco. Os cinco dedos fazem bem, mas em determinados casos, nos fazem perder grande parte de um sentimento que poderia ser maior e mais compartilhado. Pense nisso.
    Estou aqui. Pronta pra compartilhar.
    'e a saudade é um lugar que só chega quem amou..'

    Eu sinto saudade.

    Um beijo. Saudade.

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