apagão

sadness, lonelyness

estava cega. perdida. 
usando apoios que já não mais conhecia a origem e se machucando toda vez que errava e colocava as mãos em algo que a cortasse por fora ou que a dilacerasse por dentro. 
a cegueira era por falta: era escuridão demais. 
precisou aprender a ver com a intuição, a sentir com a proximidade e a esquivar do vento, conforme soprasse mais forte. 
ficou tão prepotente que pouco duvidava do que imaginava e presumia; não permitia nenhuma aproximação e esqueceu-se de como uma boa brisa pode aliviar e levar consigo alguns traumas. algumas amarguras...
e percorreu assim, até enjoar de si. 
da mesma imaginação. do mesmo cheiro. da mesma opinião. dos mesmos pontos de vista. ela queria mais do que pontos de vista, ela queria enxergar e, quando viu uma luz, resolveu segui-la, por mais que a cegasse. 

era luz demais. 

desnorteada, não sentia mais nada, só o furacão de sensações que a invadia. era tudo tão forte - não havia frio. não havia cautela. apenas o vento e tudo o que ele trazia consigo.
e percorreu assim, até enjoar de si. 
não conseguia mais agir sozinha e sentia falta de saber onde é que estavam os pontos que iam lhe dilacerar. o vento idiota lhe levava coisas: coisas que não era para serem levadas. nem esquecidas.

apagou a luz. era estranha. preferia saber onde ia pisar - mesmo que fosse no escuro.

21/12/2009

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