coragem



criando coragem, a gente que não-sabe-se-sabe-o-que-quer fica idealizando algumas noitadas perfeitas, daquelas de contar, chorar de tanto rir ou de tanta vergonha. planeja-se dançar, não ficar de ressaca ou parecendo um panda no dia seguinte. planeja-se o tipo de calcinha, o tipo de salto e até - pretensiosas - as dores possíveis vindas de tal salto: a gente dá um jeito de levar um chinelinho. ainda que assim, planeja-se não planejar, o que vier de bom a gente aproveita e o que de ruim aparecer, a gente mete o pé. 
nos unimos com companhias semi inseparáveis para parecermos mais fortes, mesmo que não precisemos. é bom espantar quaisquer rumores de vulnerabilidade. 
durante o percurso, a gente precisa de coragem. coragem de dizer não de lá, jogar um sim para cá e mais coragem ainda para ser arrastada para longe do batalhão. ficar um contra um.
mas você já disse sim e pega ali naquela situação de entrega ao ainda-inimigo, não existe uma ou duas pingas que não façam ele tornar seu amigo e quem sabe muito mais do que isso. você baixa a guarda, se entrega, e cada segundo naquele cantinho escuro desmonta as coisas que você vem pensando: é essa mesma a coragem que eu preciso? 
conforme vai sendo invadida e desmontada a armadura, a pinga vai passando e os flashes de épocas épicas são postos a comparação - que coragem era respirar fundo pra fazer uma surpresa. entrar numa construção sem energia elétrica e descobrir lá algumas velas e um trapinho no chão que o seu amor colocou lá para você. daquela mão absurdamente gelada antes de conhecer a sogra pseudo monstro do lago Ness. de madrugadas com o carro pego na sorrateira para fazer uma visita surpresa. de anúncios de amor platônico em meio a desconhecidos. para aquilo precisava de coragem! para amor que eu precisava de coragem. para aquilo... silêncio.
enquanto aquela situação de silêncio vai ficando mais desconfortável - até porque você parou de corresponder aos carinhos - seu novo amigo olha pra você e pergunta o que aconteceu. você acha fofo e dá aquele abraço nele. apertado, quer dar uma choradinha, mas segura, pensa no mico e volta a ser recíproca. afinal, ele pode ser um novo amor e nem tudo precisa começar lindamente. e você se sente uma anta por pensar assim, logo, tão rápido. obviamente ele já se animou de novo e enquanto você varre todos os pensamentos da cabeça na mesma velocidade que surgem, lamenta terrivelmente não ter mais uma dose de vodka ali. e já que ali está, se entrega de novo. e porque não? travar batalha contra quem tem menos coragem do que você pra amar de verdade, é no mínimo, uma troca justa.
e quem sabe assim, com pouca coragem trocando, de algum escuro saiam novos momentos épicos. 
sem vontadezinhas de chorar.
sem pinguinhas, nem copinhos de vodka.

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